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Desaceleração econômica puxa terceirização

Neste contexto, o mercado brasileiro de terceirização de apoio administrativo se destaca, ao se tornar uma saída para as organizações darem enfoque principal a seu ramo de atuação sem deixarem a desejar nas área de gestão.

Autor: Paula CristinaFonte: DCI - Diário Comércio Indústria & Serviços

A última elevação na taxa básica de juros (Selic), a inflação acima do teto da meta e a revisão nas projeções do Produto Interno Bruto (PIB) fazem com que empresas de diversos setores recorram a alternativas de redução de custos, ou otimização de processos, para sobreviverem ao cenário de desaceleração econômica. Neste contexto, o mercado brasileiro de terceirização de apoio administrativo se destaca, ao se tornar uma saída para as organizações darem enfoque principal a seu ramo de atuação sem deixarem a desejar nas área de gestão.
É o caso das empresas de Business Process Outsourcing (BPO), prestadoras de serviços de terceirização em processos de negócios, principalmente nas áreas de tecnologia da informação (TI).
Segundo a Associação Brasileira de Provedores de Serviços e Apoio Administrativo (Abrapsa), este é um mercado em potencial no Brasil e as estimativas de crescimento para 2013 estão entre 5% e 8%, apesar do brasileiro ainda oferecer resistência ao sistema, quando comparado ao exterior.
"Apenas 10% das empresas brasileiras mantêm a prática, contra 70% nos Estados Unidos e 50% na Europa", revela o presidente da entidade, Luiz Henrique de Oliveira. Entretanto, dados divulgados pelo Gartner Group indicam que, somente no Brasil, o outsourcing já movimenta cerca de US$ 4,8 bilhões.
Uma das principais prestadoras de serviço de BPO é a Genpact. Com 700 clientes em escala global, a empresa indiana surgiu como um braço da General Electric (GE), e atua no Brasil desde 2011, onde prevê expansão.
Em entrevista exclusiva ao DCI, o vice-presidente e diretor geral da Genpact no Brasil, Affonso Nina, afirmou que a companhia está em expansão no País, pois trabalha com uma política anticíclica. "Com a desaceleração econômica nós vemos uma grande oportunidade de negócios. Neste momento, as empresas precisam executar seus processos com mais inteligência e, consequentemente, nossa demanda aumenta", explica Nina.
A Genpact possui uma ampla gama de soluções nas áreas de Contabilidade e Finanças, Compras, Supply Chain Management, Otimização de Centros de Serviços Compartilhados (CSCs) e Outsourcing em TI.
Além dos serviços de BPO, a Genpact mantém um sistema de consultoria de processos, uma alternativa para as companhias que preferem não aderir ao sistema de terceirização, mas precisam otimizar o trabalho. "Fazemos um mapeamento de diagnóstico nos clientes, identificamos onde os recursos de capital podem ser cortados ou melhor utilizados, fazemos um planejamento e auxiliamos na implantação, para que os próprios funcionários da organização criem uma nova cultura de gestão", disse.
Affonso Nina lembra que um de seus principais cases ocorreu quando um cliente, após o processo avaliativo da prestadora, identificou que havia cerca de R$ 10 milhões subutilizados nos setores contábeis, que poderiam ser investidos em outras áreas potenciais na empresa.
Para 2013, Nina não revelou as estimativas de crescimento no Brasil, mas no mundo, segundo o CEO global da Genpact, N.V. "Tyger" Tyagarajan a empresa projeta uma receita entre US$ 2,15 e US$ 2,20 bilhões que representa um avanço na margem de lucro ajustado de 15,8% a 16,3%.
Empresas
A tendência de terceirização também é uma realidade para o ramo de contabilidade. Considerada uma das áreas mais complexas dentro das empresas no País, em função da alta carga tributária vigente, grupos como o Coutinho e Associados apostam na terceirização da contabilidade dentro das companhias para expansão dos negócios este ano.
"Oferecemos há mais de dez anos serviços de terceirização para empresas que optam por não ter um setor contábil próprio. Este ano, estamos lançando um serviço voltado para pequenas e médias empresas e assim expandir nossa atuação", disse Vitor Coutinho, sócio presidente do grupo.
Segundo o executivo, com a terceirização a empresa pode economizar até 30% dos gastos com contadores. "Em uma empresa pequena os gastos com contadores próprios é bem alto. Quando você repassa esse serviço você reduz custos e diminui as obrigações dentro da empresa, uma vez que a empresa terceira fica responsável por todos os trâmites legais".
Hoje a empresa conta com mais de 35 clientes por todo o Nordeste, e conseguiu a conta da paranaense Construpar, que repassou todo o setor de contabilidade à empresa. "Tivemos uma redução de 20% no orçamento e um aumento de 15% na produtividade, já que deslocavámos funcionários para a área contábil em época de declaração do imposto de renda", disse Arnaldo Santos, diretor de finanças da Construpar.
O valor para que o empresário contrate os serviços da Coutinho e Associados varia de acordo com o porte da empresa e das responsabilidades fiscais mas os custos ainda são menores do que o de mão de obra própria. "Para se criar um departamento de contabilidade dentro da empresa, há a necessidade contratar profissionais, investir em equipamentos e tecnologia, estar sempre em treinamento, não é barato", disse.
Para o presidente do Sindicato das Empresas Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas do Estado de São Paulo (Sescon-SP), Sério Approbato Machado Júnior há uma tendencia de terceirização desse segmento. Em entrevista do DCI o executivo disse que hoje muitos grupos optam por esse serviço.
Outro setor em crescimento com terceiros é o de logística, exemplo disso, a distribuidora de combustíveis Petrosul, iniciou, há cinco anos, a terceirização do serviço de transporte, que foi concluída em 2012. "Manter a nossa própria frota era muito caro. À medida que os veículos ficam mais velhos, o custo fica ainda maior, além da despesa com a contratação de motoristas, combustíveis e com seguro da carga ", diz Adilson Piaya, gerente operacional do grupo.
Com a mudança, a empresa conseguiu reduzir até 20% os gastos com o transporte, que hoje representam cerca de 2% do faturamento total. "Embora todos os gastos estejam envolvido no custo da transportadora, isso acaba dividido entre todas as empresas, sem ociosidade de caminhões, por exemplo", disse.